Análise da conjuntura nacional e perspectivas para a profissão de arquiteto e urbanista. Sobre esse tema, o presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Jeferson Salazar, palestrou na noite da última terça-feira, 21, em Fortaleza. O evento ocorreu na sede do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU/CE), sendo aberto pelo presidente da entidade, Odilo Almeida.
O palestrante colocou como ponto de referência as manifestações de junho de 2013, que se iniciaram com o Movimento Passe Livre. Para ele, “é importante tratar desse contexto, porque, a partir de então, começaram a se delinear os campos ideológicos, que englobam concepções distintas de sociedade”.
A análise de Jeferson Salazar procurou contemplar as modificações que o atual cenário social e político do País tem incorporado devido às disputas em questão, salientando as interferências no desenvolvimento tecnológico, na cadeia produtiva da construção civil e na área da Arquitetura e Urbanismo.
Para tanto, ele citou o Projeto de Lei 3772/2015, que “dispõe sobre medidas de abertura da economia no Brasil e de licitações”. O presidente da FNA observou o projeto de forma negativa, visto que ele prevê a quebra de barreiras comerciais para grandes multinacionais, enquanto internamente ocorre o desmonte das empresas brasileiras, prejudicando a estrutura de empregos e o próprio conhecimento tecnológico.
Jeferson explicou como todo esse contexto torna a relação com o emprego extremamente deteriorada e frágil, colocando uma preocupação ao profissional de Arquitetura e Urbanismo: “Nós não conseguimos avançar na identidade da profissão com a sociedade”. De acordo com o arquiteto, uma maneira de enfrentar as dificuldades advindas das atuais crises que afetam a profissão é justamente alcançar visibilidade.
Nesse sentido, por exemplo, tornar o processo de planejamento urbano mais participativo, trazendo a sociedade para as discussões, pode esclarecer a função social do trabalho do arquiteto. “As pessoas associam os espaços urbanos apenas aos gestores públicos. É necessário dar visibilidade à categoria. Esse é o grande desafio da profissão”, enfatizou o presidente da FNA.
