Diagnóstico revela o perfil da desigualdade de gênero na Arquitetura e Urbanismo
7 de agosto de 2020 |
A Comissão Temporária de Equidade de Gênero do CAU/BR divulgou o 1º Diagnóstico de “Gênero na Arquitetura e Urbanismo”. Realizado on-line, de julho de 2019 a fevereiro de 2020, o levantamento foi respondido por 987 profissionais, sendo 767 mulheres e 208 homens, com uma margem de erro de 3,11%, para mais ou para menos. Números extraídos do SICCAU revelam que, entre os profissionais com registro ativo, as mulheres são maioria em todos os estados brasileiros.
1º Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo
Do total de entrevistados, quase 80% são brancos; 13,81% pardos; 4,33% negros; 1,75% orientais e 0,21% indígenas. O levantamento realizou um recorte racial relacionado a tipos de assédio (sexual e moral), violência sexual e discriminação de gênero no trabalho: 59% das mulheres negras entrevistadas declararam sofrer discriminação de gênero, contra 8% dos homens brancos; 47% delas foram assediadas moralmente e 21% enfrentaram o assédio sexual, que “é qualquer ato sexual ou tentativa de obtenção de ato sexual por violência ou coerção, comentários ou investidas sexuais indesejadas”.
O perfil salarial dos entrevistados foi outro dado pesquisado. Os arquitetos brancos são maioria na faixa de mais de 13 salários mínimos, ganhando pelo menos 13 vezes mais do que as arquitetas negras. Elas ainda representam o maior contingente de desempregados, entre os entrevistados.
A relação da responsabilidade da maternidade/paternidade com o exercício profissional entre os entrevistados também foi questionada e demonstrou que mulheres negras e brancas enfrentam os maiores obstáculos para equacionar o trabalho com o cuidado dos filhos. Os dados mostram que 40% das mães são responsáveis a maior parte do tempo, principalmente pelos filhos de 0 a 4 anos. Entre os homens, 54% afirmaram que esta relação interfere muito pouco no trabalho.
Os principais objetivos do diagnóstico são:
- subsidiar a elaboração da “Política do CAU para a Equidade de Gênero”;
- mensurar a lacuna de gênero atualmente existente na profissão;
- qualificar o debate sobre gênero na profissão;
- sensibilizar a sociedade e os arquitetos e urbanistas sobre a pertinência do tema e a sua afinidade com a missão do CAU e
- subsidiar o cumprimento do compromisso assumido pelo CAU de promover a equidade de gênero em todas as suas instâncias organizacionais e em seu relacionamento com a sociedade, entre outros.
O 1º Diagnóstico traz, ainda, dados sobre a participação de arquitetas e arquitetos em concursos públicos, premiações, oportunidades de trabalho, entre outros.
CONFIRA TAMBÉM:
1º Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo no Brasil – APRESENTAÇÃO COMPLETA
1º Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo no Brasil – QUESTIONÁRIO COMPLETO
1º Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo no Brasil – BASE DE DADOS
GT de Mulheres do CAU/CE
Em fevereiro deste ano a Comissão Temporária de Equidade de Gênero do CAU/BR realizou, em Fortaleza, a etapa local do Ciclo de Debates, em parceria com o CAU/CE, por meio do Grupo de Trabalho sobre representatividade da mulher arquiteta e urbanista do Ceará. O evento discutiu a construção de espaços urbanos voltados às demandas específicas das mulheres, assim como as condições atuais do exercício profissional das arquitetas e urbanistas cearenses.
Como resultado das atividades desenvolvidas pelo GT foi divulgada, durante o evento, uma carta pública, com diretrizes de ações do CAU/CE tendo em vista atender às demandas referentes às atividades dessas profissionais.
Com informações do CAU/BR.