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Nota oficial sobre a demolição do Edifício São Pedro

Nota oficial sobre a demolição do Edifício São Pedro

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará manifesta surpresa e perplexidade diante do anúncio repentino da Prefeitura de Fortaleza definindo a demolição imediata como a solução proposta para o Edifício São Pedro. O CAU/CE reconhece que o poder público tem competência legal para intervir em imóveis que apresentem riscos para a sociedade, notadamente em casos onde proprietários não realizam manutenção adequada e preservação da integridade de suas edificações, conforme posto em instrumentos legais.

Contudo, é preciso considerar que a decisão mais recente do executivo municipal de demolir aquela edificação ocorreu na sequência de um processo mais amplo, onde a própria prefeitura teve papel significativo na conformação do cenário atual. O Edifício São Pedro foi tombado provisoriamente em 2006 pela própria Prefeitura de Fortaleza, tombamento este que foi referendado de forma definitiva em 2015 pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza, restando apenas a aprovação pelo executivo municipal, ato que nunca ocorreu.

Desde então decorreu quase uma década com o prédio sendo abandonado tanto pelos proprietários quanto pelo poder público municipal, fazendo com que a edificação chegasse ao estado de conservação atual. Questiona-se, portanto, as razões que explicam tamanho descaso com uma construção emblemática da paisagem urbana da capital cearense. Se havia interesse em preservá-lo, por que o prédio foi abandonado por quem tinha responsabilidade em mantê-lo como patrimônio histórico e arquitetônico para as presentes e as futuras gerações?

Pela história que o São Pedro representa como o primeiro prédio vertical da orla de Fortaleza, o Conselho de Arquitetura de Urbanismo do Ceará defende que o processo de tombamento e a destinação da edificação para um uso público deveria ser o caminho a ser seguido. E, para isso, existem inúmeros instrumentos presentes no Estatuto da Cidade e na legislação urbanística de Fortaleza que poderiam viabilizar a proteção desta edificação, inclusive com a desapropriação sendo feita de forma justa perante os proprietários do imóvel.

Entende-se que esse evento abre um precedente que põe em risco o escasso patrimônio construído que ainda resta na capital cearense. Ademais, cabe apontar que as legislações urbanísticas recentes de Fortaleza também têm contribuído para transformar as edificações que representam a história da cidade em um pedaço de terra com função meramente mercantil, favorecendo o apagamento da nossa história.

O CAU/CE também entende que é urgente realizar uma intervenção no Edifício São Pedro para garantir sua integridade e da população que de alguma maneira utiliza o imóvel e suas cercanias, mas se posiciona contrário à sua demolição imediata sem que sejam consideradas outras alternativas e propostas viáveis e adequadas de forma a se preservar a memória arquitetônica da cidade, historicamente negligenciada.

Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará.

6 respostas

  1. Concordo plenamente com o CAU CE. Se houve má fé em protelar o tombamento sem a devida conservação, para (de propósito) o tempo destruir o prédio, o mínimo que se pode fazer é impedir que o terreno caia na mão da especulação imobiliária.

  2. Nossos gestores públicos sempre deixaram á margem a questão do patrimônio urbano de Fortaleza. É impossível enumerar todos os casos. A ganância empresarial com a conivência aliada tem levado a cidade a perder seus principais monumentos.

  3. A pergunta é: a Quem tem interessa essa mega operação coordenada com recursos públicos. Como se de forma imediata tantas coisas inimagináveis. Consegue-se na calada um demolição imediata de um bem praticamente tombado, a evacuação de um imóvel, a remoção dos moradores e oferta de aluguel social, a cerca da obras, a interrupção do trânsito, a presença de maquinário, o Início imediato dos trabalhos. O prefeito de Fortaleza está de parabéns pois nenhuma outra prefeitura do Brasil conseguiria um feito desses. Vi algo semelhante no Japão que uma cratera se abriu em frente ao edifício de manhã e no final da tarde o reparo gigantesco estava concluído de forma imperceptível. Resta saber: quem vai pagar essa conta?

  4. Nota bem pertinente…. , mas infelizmente muito tardia, com um lapso de tempo tão inexplicável que torna-se impertinente !!! Agora é chorar sobre o leite derramado ….

  5. Esse conselho teve anos pra se manifestar ….agora é o point da mídia…o lugar de lixo é no lixo demolição já!!!

  6. Sou contra a Demolição do Prédio!
    Temos que investir na Manutenção e Conservação dos Patrimônios Históricos de nosso Estado.

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