
Trazendo para o debate a experiência como relator do Plano Diretor Estratégico de São Paulo, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki ministrou palestra sobre o desafio do planejamento das grandes cidades, em Fortaleza, na última quinta-feira (21). O evento foi uma realização do CEAU/CE, Colegiado de Entidades de Arquitetura e Urbanismo do Ceará, do qual o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU/CE) faz parte, e ocorreu no auditório da FIEC.
O vice-presidente do CAU/CE, Delberg Ponce de Leon, presidiou a mesa de debate. Em sua apresentação, apontou que “é oportuna a passagem do professor Nabil para falar sobre a experiência que ele teve no Plano [Diretor Estratégico] de São Paulo”, visto que “o evento ocorre no momento em que a administração da cidade conclui o Plano Fortaleza 2040 – primeiro planejamento a longo prazo – e se prepara para regulamentá-lo”.
Durante a palestra, Nabil Bonduki ressaltou a importância da atuação dos arquitetos e urbanistas nos espaços de decisões políticas, e afirmou a necessidade de se ocupar as Câmaras Municipais, “instância que tem um papel decisivo na questão das leis urbanistas, zoneamentos, códigos de obras, planos diretores e outras leis que regem a cidade”, apontou.
Nabil Bonduki explicou ainda que a elaboração do Plano Diretor faz parte de um sistema de planejamento em escalas, a primeira etapa contemplando o município como um todo e a segunda pensando a elaboração de Planos Regionais, associados a Lei de Uso e Ocupação do Solo. Além desses, os Planos Setoriais, para tratar de temas específicos, e o Plano de Metas, necessário pois “um dos grandes problemas dos Planos Diretores no Brasil é a relação entre o planejamento e a gestão. Muitas vezes um Plano tem grandes intenções, diretrizes fantásticas, instrumentos que são regulamentados, mas eles não são colocados em prática”, afirmou Bonduki.
Ao expor as principais diretrizes e os instrumentos do Plano Diretor do qual foi relator, Bonduki apontou que ele não pode ser entendido apenas como instrumento técnico. “Ele é uma proposta para a cidade do futuro, e essa proposta envolve um amplo conjunto de atores, de interlocutores, de agentes sociais; cada um com uma visão, cada um com um olhar sobre a cidade. E a nossa função é, em grande parte, fazer essa costura dos vários atores nesse processo”, argumentou.

